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terça-feira, 3 de julho de 2012

Com trama simples, 'Carrossel' rende bons índices de audiência

Alguns "remakes" de novelas infantis são a galinha dos ovos de ouro do SBT. A adaptação da trama mexicana da Televisa Carrossel garante à emissora suas maiores audiências. Assim como ocorreu com Chiquititas, há 15 anos. Cerca de um mês após a sua estreia, a versão escrita por Iris Abravanel ajudou a elevar o Ibope, o que garantiu a vice-liderança no horário, com 13 pontos de média.
Com uma produção e direção centradas no público infantil, a trama investe nos já previsíveis diálogos didáticos e explicativos. Mas, e essa é uma boa surpresa, não são redundantes ou monótonos. Mesmo um tanto pueril, o texto é recheado por questões que ressaltam problemas e diferenças, como obesidade na infância, problemas de caráter, racismo, diferenças de classe, orgulho e o tão discutido "bullying" nas escolas.
A história cumpre bem o seu papel de entreter e educar o público infantil. Bom exemplo é a cena na qual José, vivido por Marcelo Batista, conversa com o filho, Cirilo, de Jean Paulo Campos, sobre a escravidão e a necessidade de cada um aceitar e respeitar suas origens.
Para aproximar a trama do universo infantil e seduzir ainda mais os jovens, a novela insere conteúdos próximos à realidade das crianças, como a participação da banda Restart na festa de aniversário da enjoada Maria Joaquina, vivida por Larissa Manoela. Com um "pocket show", os músicos tocaram sucessos já conhecidos do público infantil.
E, ao longo da história, novas participações devem acontecer. Apesar de ser uma adaptação da trama original de 1991, Carrossel traz a história para a atualidade e mostra elementos comuns do dia a dia das crianças modernas, como "tablets" e celulares.
Toda a trama é embalada por uma acertada trilha sonora, que vai de Chico Buarque a Simony. Diferentemente de muitas novelas infantis, Carrossel não apostou apenas em músicas diretamente ligadas ao universo das crianças, que muitas vezes, beiram o tatibitate. Há também composições adultas incluídas pelos produtores musicais Afonso Nigro e Arnaldo Saccomani.
Além disso, músicas como Aquarela, de Toquinho, e Não é Proibido, de Marisa Monte, não deixam espaço para o refrão chiclete e muito conhecido "embarque neste Carrossel, onde o mundo faz de conta a terra é quase o céu".
Interpretada na versão mexicana pela atriz Gabriela Rivero, Rosanne Mulholland dá o mesmo tom doce e meigo à jovem professora Helena. Entretanto, algumas vezes, a atriz confunde inocência e delicadeza com simplicidade, sendo apagada pela atuação agitada das crianças. Ter um elenco majoritariamente composto por crianças pode ser uma grande dificuldade quanto à naturalidade da interpretação. Com a direção de Reynaldo Boury, o núcleo infantil ganha um tom espontâneo durante suas cenas. Um contraponto à interpretação dos adultos, que com diálogos marcados e pausados, caem em um ar falso durante as cenas.
Vale ressaltar as ótimas sequências entre Larissa Manoela e Jean Paulo Campos, que conquistam e convencem com o conflito entre a riquinha e mimada Maria Joaquina e o simples e inocente Cirilo. A dupla mostra equilíbrio e se complementa com duas personalidades tão opostas.
Fonte: Terra

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