Dos 30 minutos de exibição de "Carrossel" no capítulo 98, do dia 3 de
outubro, quase 14 minutos foram de merchandising. A versão brasileira
do grande sucesso mexicano do início dos anos 90 é o atual trunfo do
SBT. E vem colecionando anunciantes que, muitas vezes, têm seus produtos
divulgados, não só no intervalo da programação, mas também durante a
atração. De sabonete a chocolates: tudo é mostrado como parte integrante
da trama.
O maior sucesso dos últimos tempos do SBT vem, no entanto, gerando
alguns problemas para a emissora junto ao Procon (Fundação de Proteção e
Defesa do Consumidor de São Paulo). A instituição tomou medidas contra
as ações de merchandising veiculadas na novela, que foram julgadas
inadequadas ao público-alvo da atração, pois são inseridas como se
fizessem parte da própria trama.
O Procon, em parceria com o instituto Alana, vem fiscalizando há um
tempo os formatos comerciais de "Carrossel" e, segundo Renan
Ferraciolli, assessor-chefe do Procon de São Paulo, esse tipo de
merchandising é irregular. "A exposição de produtos na novela pode gerar
um desejo incontrolável por aquilo que está sendo exposto", explicou ao
Famosidades.
Em comunicado, o instituto Alana disse que sua maior preocupação é em
relação aos merchandisings de produtos de alto valor calórico, como
chocolates e biscoitos.
Ainda segundo o Procon, o SBT já foi procurado para que as ações de
merchandising contextualizadas sejam eliminadas da atração e sejam
exibidas, por exemplo, durante os breaks. Se a emissora de Sílvio Santos
não acatar, pode ser alvo de multas.
Miriam Barros, psicóloga clínica especialista em terapia familiar,
ressalta os danos que a exposição a esse tipo de propaganda pode gerar à
formação da criança. "A criança assimila a propaganda com mais
intensidade do que os adultos, pois a sua personalidade ainda está em
formação. Ela ainda não tem um senso crítico formado e nem maturidade
suficiente para discernir o que é bom para ela", explicou ao
Famosidades.
Para Miriam, o maior problema está no fato de que as propagandas
"camufladas" não são entendidas pelos pequenos como merchandising. "Ela
não irá perceber sozinha a sutileza deste tipo de propaganda, a não ser
que o adulto converse e explique sobre os interesses financeiros que
estão por trás disto".
A psicóloga afirmou ainda que quanto mais jovem a criança é, menos
recursos ela possui para julgar e até mesmo se defender diante da
exposição a certos produtos e ideias. Miriam definiu a prática como "um
abuso e um instrumento de manipulação infantil que deveria ser olhado
com mais cuidado por parte dos órgãos competentes".
As constantes reclamações de pais, psicólogos e órgãos competentes,
no entanto, não preocupam o 'Dono do Baú". Durante o painel do SBT no
MaxiMídia, Íris Abravanel (foto), autora da trama e esposa de Sílvio
Santos, garantiu que a emissora sempre se preocupou com as ações
comerciais exibidas na programação.
"Temos total responsabilidade nessa veiculação e em analisar como aquele anúncio pode afetar as crianças e sua família", disse.
O diretor comercial da emissora, Glen Valente, assegurou ainda que as
ações serão revistas. "Queremos retirar as crianças das ações de
merchandising e já estamos gravando as inserções somente com o elenco
adulto. O SBT sempre irá se adequar às regras e à Lei", garantiu.
Fonte: Três Lagoas
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